Hoje iniciamos uma saga que promete ser épica. Passada no Mundo das Telecomunicações, onde tudo está interligado pelos Deuses, GPS e Antena. Conta a história de Reinos Comunicacionais Móveis, regidos por Operadores de Rede, que controlam e permitem as comunicações entre todos os seres deste mundo. Nestes Reinos, existiam Tribos, conhecidas como Marcas. Marcas essas que quiseram acrescentar ao seu portfolio outro tipo de valências e viram nestes Reinos Comunicacionais Móveis, uma oportunidade de expansão. Apostaram assim no desenvolvimento de soldados móveis, que posteriormente cediam aos Operadores de Rede para propagar a sua “palavra”.

Reza a lenda, que foi no Reino Comunicacional Móvel Americano, em 1983, que surgiram os primeiros soldados móveis. MOTOROLA LOGOPelas mãos dos curandeiros da Tribo Motorola, soldados gigantes ganharam forma, revestidos por uma resistente armadura, possuíam teclas que encantavam ao toque e em cada chamada, erguiam com orgulho os seus capacetes, inspirados na Deusa Antena. Foram pioneiros para a época, facilitando a troca de informação entre qualquer ponto do ReinoDynaTAC 8000X, eram assim chamados.

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Com estes soldados gigantes, os Operadores de Rede Privados da época, ganharam “oferta” para espalhar a mensagem, um autêntico exército móvel sustentado por uma Marca emergente, que iria dominar este Reino Comunicacional Móvel Americano durante quase uma década, sempre atenta a quem lhe iria seguir o exemplo.

No outro lado do atlântico, no Reino Comunicacional Móvel Europeu, crescia uma Tribo que já apresentava resultados em outras áreas de acção, uma Tribo de guerreiros nórdicos, de seu nome, Nokia. Nokia-LogoNokia, conhecida pela sua genialidade e rigor de batalha, lançou na mesma época, protótipos de guerreiros móveis para dominar o Reino Comunicacional Móvel Europeu. Tornou-se, assim, num dos primeiros opositores a estes soldados gigantes Motorola. É certo que do outro lado do atlântico, mas a espreitar o domínio global.

Em 1992, cria o seu primeiro guerreiro nórdico móvel. O Nokia 1011 é no campo de batalha mais ágil que os soldados gigantes Motorola, o que rapidamente chama as atenções dos Operadores de Rede do Reino Comunicacional Móvel Europeu, que ansiavam por novas parcerias e melhores soluções.

size_590_Nokia-1011_thumb Existiam agora duas forças dominantes em dois Reinos distintos. Consumidores com desejos diferentes, com outro tipo de mentalidade, mas todos com o desejo de comunicar. Era tudo ingredientes que prometiam um confronto pela liderança do mercado móvel, e assim foi. Com o avançar do tempo ambas as Tribos iam tendo confrontos pontuais ao tentarem entrar no Reino opositor. Por cada novo soldado móvel que surgia no mercado, vinha outro com outras características ou mais vantagens da outra parte da trincheira.

Em 1996, surge um paladino no exército Motorola, um soldado ergonomicamente mais apelativo, com todos os pontos fortes dos seus antecessores, prometia ser uma revolução no mercado e que iria permitir, aos poucos, que a Motorola entrasse no Reino Comunicacional Móvel Europeu. Era conhecido como StarTAC, um topo de gama que rápido se tornou a estrela da companhia e que durante um ano foi a “vaca leiteira” da Motorola.

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A Nokia, com a entrada deste novo player, viu-se obrigada a responder com um novo guerreiro nórdico, teria de ser ainda mais letal que o StarTAC, e foi isso mesmo que aconteceu. Não um, mas dois novos guerreiros nórdicos apareceram em jogo, prontos para fazer miséria na frente de batalha, o 6110 e o 5110, respectivamente apresentados em baixo.

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Estes foram lançados pela Nokia em 1997 e 1998, respectivamente. Apresentavam novas soluções a todos níveis, uma duração de bateria superior aos guerreiros anteriores, ainda mais pequenos e com uma arma secreta, que era um vício instantâneo, o mítico jogo “Snake”. Para a Motorola só inovar seria a solução, mas como seria possível combater estas duas falanges de ataque que pareciam ser invencíveis? Ficava a pergunta.

 Por outro lado, os Operadores de Rede iam-se diversificando, esta guerra pelo controlo do mercado móvel por ambas as Tribos também foi o chamariz para outros agentes quererem destronar os Operadores de Rede até aqui vigentes.

Assim, estava tudo em estado de sítio e o cenário não se avinhava fácil, uma vez que estávamos agora quase no virar do século, o medo dos anos 2000 estava presente nas duas Tribos, o que se iria passar? O fim do mundo? Restava aos xamãs de ambas as Tribos rezarem aos seus Deuses, GPS e Antena, para resistirem ao que aí vinha.

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Felizmente houve luar após a chegada do ano 2000, ambas as Tribos estavam intactas, apenas contavam as baixas devido a imensas batalhas já travadas em anos passados. Os primeiros soldados gigantes eram agora uma miragem para a outrora dominante Motorola, que agora estava um passo atrás dos guerreiros nórdicos da Nokia e diga-se, com poucos motivos para se registar em qualquer livro de história. Por sua vez, a Nokia ia cimentando a sua Marca como uma das mais poderosas do mundo. A chegada do ano 2000 foi significado de inovação, chegaram guerreiros móveis polifónicos, com cores, com uma ergonomia mais chamativa, acompanhados da tradição nórdica de sempre.

Muitos se questionaram se a Motorola tinha ficado para trás nesta guerra, mas seria mesmo verdade? Ou será que mais uma vez ia surgir um StarTAC e salvar a sua Tribo? Não foi um StarTAC que saiu da cartola, foi antes um RAZR V3.

Motorola-RAZR-V3xx-01Em 2005, a Motorola aposta todas as fichas para finalmente furar a defesa da Nokia. E conseguiu! No Reino Comunicacional Móvel Americano, os Operadores de Rede renderam-se às evidências e responderam sim ao lançamento deste novo soldado, todos queriam contar com este soldado nos seus exércitos. Com a alma dos gigantes, incorporando a velha guarda Motorola, o RAZR V3 rapidamente se tornou um sucesso de vendas. Vislumbrava-se um futuro risonho no seu Reino, a Motorola tinha recuperado a credibilidade e lutava taco a taco com a Nokia na luta das Marcas, o seu RAZR V3 era um blockbuster de mercado. É verdade que ainda atrás no mercado, mas este novo fôlego permitiu à Motorola reclamar a glória de outros tempos. Mas como tudo não é um mar de rosas, a Nokia respondeu com “classe” ao RAZR V3, uma classe de NSeries, lançada entre 2004-2007, que deu a machadada final nesta guerra móvel, sendo o Nokia N95 o expoente máximo destes novos guerreiros móveis, a derradeira máquina de guerra. Com um sistema symbian de nomeada, era assim o novo rei deste Mundo das Telecomunicações móveis.

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Epílogo – Corria assim o ano de 2007, esta máquina de guerra nórdica, ao estilo de Jean-Claude Vandamme, ia “destruindo” toda a concorrência, tudo parecia secar à sua volta, mas é então que no Reino Comunicional Móvel Americano surge das sombras um indivíduo chamado Steve Jobs, acompanhado de um Apple Iphone, um soldado do futuro, com um ecrã touchscreen, que profetizava revolucionar este mundo. O CEO da Tribo Nokia, tendo conhecimento deste novo soldado e com o intuito de colocar pressão em Steve Jobs, profere as seguintes declarações, “O mundo nunca vai aceitar que os soldados móveis sejam touchscreen, as teclas serão sempre donas e senhoras“. Será mesmo que foi assim?

(Continua)

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PS – A verdadeira máquina de guerra é esta, e todos sabem disso: Nokia 3310!1342614574_416323800_1-Pictures-of-Nokia-3310

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