Para hoje temos um episódio (mais um, melhor dizendo) bem caricato da minha infância. Com este velho provérbio (“Vergonha é roubar e não poder fugir”) vem-me à memória, acrescentado de um certo embaraço, um “furto” que se ficou pela metade, que passo a explicar. Incautos e com sede de aventura a malta da rua idealizou um plano para “trazer” de uma loja uma figura do Dragon Ball e uma Banda Desenhada da “Turma da Mônica“. Por infortúnio e motivos estilísticos, só veio para casa a figura do Dragon Ball, ainda por cima, nem para a minha foi. page-46492

Vamos lá então por partes, na altura tinha uns 9 anos (curioso), a SIC transmitia uma das séries que até hoje é intemporal, o Dragon Ball Z, que estava no seu auge em Portugal. O merchandising, principalmente as figuras da série, propagavam-se por tudo quanto era sítio e as lojas lá da minha zona não fugiam à regra. O meu grupo de amigos coleccionava tudo o que era do universo Dragon Ball (cadernetas, cartões, roupa, cartas, figuras, etc.), contudo, as figuras assumiam papel de destaque nas prateleiras do quarto de cada um de nós. Tendo conhecimento de “nova mercadoria” numa das lojas, planeamos “trazer” para casa a figura do Son goten que tinha saído. Para isso, um de nós tinha de distrair a dona da loja, enquanto o outro “escondia” o Son goten. Por sua vez, e com um pensamento ganancioso, a minha pessoa decide acrescentar a este plano, a tal Banda Desenhada da “Turma da Mônica“.

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Assim, três de nós foram “escolhidos” para esta aparente jogada de mestre. Avançámos sem medos, um de nós já dava conversa à dona da loja, outro já “colocava” nas calças o Son goten e eu tinha posto a Banda Desenhada nos meus calções (acho que se pode adivinhar o desfecho desta história só por falar em calções), tudo bem até aqui, ao sair da loja e depois de uns passos dados, a “Mônica” cai-me pela perna esquerda. “Foda-se!”, disse para mim mesmo enquanto ouvia a dona da loja a dizer, “tão jovem e já neste caminho”, que vergonha. Pior que isto, lembram-se da história da minha primeira paixão? também aconteceu nesta mesma altura. Naquele momento a minha vida resumia-se a uma paixão não correspondida (ou era, mas de forma comedida), tinha sido apanhado a “roubar”, não tinha a figura do Son goten (que mais tarde comprei, mas não naquele sítio) e muito menos tinha a Banda Desenhada da “Turma da Mônica“, tudo me acontecia com 9 anos, incrível. Moral da história, o crime não recompensa, muito menos de calções vestidos.

Lembrado este episódio, avancemos para o que importa, neste passado Domingo, dia 5 de Julho de 1015, estreou uma nova série do Dragon Ball, com a chancela Super (Ignora todos os eventos decorridos no Dragon Ball GT). Com o toque do criador original, Akira Toriyama, voltou a mítica série que deslumbrou milhares de crianças da altura e que promete encantar os adultos de agora, com novas personagens e um enredo que promete colar ao ecrã. Espero que finalmente digam como se pode voar e fazer Kamehamehas.

Por consequência, o “regresso” da série é a prova que ressuscitar fórmulas de sucesso resulta em boas estratégias empresariais, uma vez que vão surgir novos produtos de merchandising, direitos televisivos a serem comprados, fazendo com que o Dragon Ball volte a estar na “moda”. Por outro lado, a vontade de Akira Toriyama em continuar a série após tantos anos, também é de louvar neste processo, mostrando que pensou nos fãs e nos pedidos constantes para que este regresso se desse.

Dragon-Ball-Super

Este regresso dá força a uma ideia que magiquei há já algum tempo, na tal formação que fiz com o formador que não se parava de rir com a senhora dos milagres. Consiste na criação de um canal televisivo com séries animadas dos anos 70, 80, 90. São tantas as séries onde muitos de nós se revêm e certamente seria uma oportunidade para assistir a outras anteriores a nós. Na minha opinião, é um espaço no mercado que está por preencher e passível de exploração, acredito mesmo que em Portugal a ideia podia pegar, visto existirem muitos aficionados de desenhos animados, havendo inúmeros blogs com este tema. Iria captar uma vasta audiência, começando nos mais pequenos, mas principalmente, seria através dos pais que assentaria o sucesso do canal, onde muitos deles iriam recordar velhas aventuras, aquelas onde ajudaram o Huckleberry Finn e o Tom Sawyer a fugirem do índio Joe. Referir ainda que a base de “cartoons” disponível em Portugal, seria uma vantagem para diversificar a oferta do canal. Ao longo do tempo, RTP, SIC e TVI foram transmitindo nos seus espaços jovens, séries que deixaram saudade e que poderiam ajudar a tornar esta ideia real. Idealizo o modelo de negócio num sistema de subscrições, onde conteúdos adicionais poderiam ser adquiridos ao longo do tempo, onde existiriam intervalos publicitários adequados ao canal, bem como programações coerentes e mais tarde, quem sabe, ser de livre acesso. Dito desta forma até parece simples.

Em jeito de cenário pitoresco, imagino pela manhã a Abelha Maia num zumbido infernal, insuportável para os ouvidos do He-Man que tenta descansar na sua nave depois de uma noite a combater as forças do mal. Ao longe nas montanhas, a Heidi e o seu avô cuidam dos seus rebanhos, enquanto que o Marco corre atrás do seu macaco pensando na sua mãe que está num lugar distante. No outro canto deste planeta, aproveitando esta bela manhã, D’artacão e a sua Julieta passeiam pela Rua Sésamo, onde o Ferrão estrebucha porque o Babar só come bolachas, acompanhado de um Bocas que está sem paciência para o Pimentinha. Vegeta, assiste de um canto rindo-se porque amanhã pode apanhar cieiro. O dia passa, chegada a hora do Caderno Diário, todos se reúnem para verem o senhor da caixa mágica a dizer, “Não percam o próximo post, porque nós também não!” 

Abaixo deixo-vos as minhas propostas de logo para este canal (feitas à pressão diga-se de passagem):

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