Sempre fui de muitas perguntas, ainda hoje sou de muitos porquês, muitas vezes pergunto-me, “Porque é que o mundo “calhou em mim”?”. Não o pergunto por egocentrismo, pergunto sim, pelo lado existencialista da coisa. Como seria viver actualmente com T-Rex’s como vizinhos? Como seria se Deus supostamente governasse o Mundo do seu Paraíso? Será que existiram guerras santas contra as forças do Mal? Ou ainda, será que estamos sozinhos neste vasto Universo? Calma, já iremos a estas questões.
Quando era mais novo, o mais importante era a bola nos pés, juntar o pessoal da rua e o jogo só acabava quando as mães chamavam para jantar. Há medida que fui crescendo, fui-me apercebendo que já não morava com a mãe que me chamava para vir jantar, morava sim, na rua dos anjinhos, nº45, 1º Andar, o meu agregado familiar era composto 3 pessoas e tinha de escrever o nome todo dos meus pais nas fichas da escola. O Ensino Primário acabou por formatar a inocência de criança que havia em mim, a bola passou do dia todo para os treinos no clube local, começaram os horários, levantar cedo, deitar cedo, a Formatação Social tinha tomado conta da minha vida e eu não tinha dado conta.
Depois das terceiras férias de Verão, lá chegou o Ensino Básico, a Formatação Social estava claramente num nível mais elevado. Perguntei-me, “e agora?”, vais ter testes, várias disciplinas, notas de 1 a 5, intervalos diminutos entre aulas, tudo indica que vai haver uma maior pressão para passar de ano. Contudo, nem tudo era mau, em História, fiquei a conhecer as Pirâmides de Gizé, o Enigma da Esfinge, Platão e a sua Atlântida.
Em Ciências da Terra e da Vida, fiquem a saber que existiram Dinossauros na Terra há milhões de anos atrás (quer dizer, isso já sabia do Jurassik Park); que a Lua é um Satélite da Terra e que esta pertence a uma Galáxia, chamada Via Láctea.
Por sua vez, com o Inglês, já conseguia dar sentido aos jogos da Megadrive, finalmente entendia minimamente o que se pretendia em cada nível dos jogos.
Aparte dos deveres da educação, iam começando os namoricos, falar com o pessoal das enormes mamas da Pamela Anderson, “brincar” aos apalpões com as raparigas e chegar a casa…e jogar mais Megadrive.
Apesar destas novas exigências, tudo pareceu fácil, nunca precisei de muita atenção para reter as matérias, contrariamente ao pensado inicialmente, as boas notas foram aparecendo, e mesmo estando num nível de Formatação Social “mais a sério”, consegui apanhar todas as moedas de ouro do 5º e 6º ano, e pelo meio, ainda encontrei um tesouro especial, numa porta dourada escondida atrás duma árvore, uma Playstation.
Seguiu-se o Ensino Secundário, e com ele, começaram os “problemas matemáticos”. Na altura, enveredei pelo antigo Ramo Científico-natural, hoje penso e acho que foi mais pelos amigos que o fiz, devia ter seguido logo Humanidades (sempre fui muito de divagar e de explorar o potencial das palavras), não me arrependendo como é óbvio, mas evitava ter de encarar Matemática e Físico-química. As notas eram de 0 a 20, a Formatação Social estava mais uma vez, bem patente, num patamar mais acima, e para “piorar” as coisas, no 12º Ano, tinha-se quase obrigatoriamente de escolher um Curso Superior. O primeiro “problema matemático” deu-se no fim do 1º Período do 11º Ano, anulei Matemática, fiquei farto, desisti completamente, falta de motivação, um professor filho da p*uta, foi um somar de diversas situações. Esta decisão, não ajudou em nada Físico-química, tornando-se ainda mais complicado entender certas fórmulas e cálculos. Mesmo assim, apesar destes contratempos, passei para o 12º Ano. Contudo, o anular Matemática era um sinal, sinal esse que se tornou evidente mais tarde, quando tomei a decisão de ir para um Curso Profissional de Técnico de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade (onde não havia contas), ou seja, “voltar atrás no tempo”.
Descobri assim o Marketing, que até então era um ser desconhecido para mim, uma área que estava num pico de crescimento, dizendo-se ser uma profissão do futuro. E foi este Marketing que activou os pensamentos paralelos adormecidos em mim, o pensar fora da caixa, pensar no impossível, ter brainstormings constantes, pensar que existe tanto por explorar e onde o consumo de informação é fundamental para acompanhar os tempos modernos, tornando-nos assim, melhores profissionais.
Se tivesse continuado para o 12º Ano em Ciências, seria mais uma decisão a pensar em “seguir” os amigos e não no que era melhor para mim. Engraçado disto, é que antes de ter tomado esta decisão, nos Testes Psicotécnicos Vocacionais, o resultado que obtive estava relacionado com as Ciências Sociais e não as Ciências Agrárias que eu queria na altura. É verdade, pensei ser Engenheiro Agrónomo, mas sinceramente, devia estar a sonhar.
Assim, depois dum Verão “quente” a aguardar as colocações no Ensino Superior, lá entrei em Marketing no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. Irónico, é o facto de o Curso ter o seu q.b de disciplinas de contas, mas desta vez, não podia existir a palavra desistir, houve sim, a vontade de trabalhar a dobrar para dar um orgulho à mãe que me chamava para jantar. Acabei-o e senti-me realizado.
Para finalizar e voltando ao primeiro parágrafo, “algo” trouxe-me até aqui, destino, fado, tanto faz, cada um de nós traça um caminho, o importante é superar todas as provas que nos aparecerem à frente. Se vivemos num Mundo assim “tão” formatado, porque não formatá-lo à nossa maneira? Cabe-nos a nós mudar um pouco estes padrões pré-estabelecidos, devemos perguntar os porquês, explorar o potencial do nosso conhecimento, vivermos cada momento ao máximo e aprender com os erros, quantos estes acontecerem, porque no fundo, às vezes as escolhas mais difíceis são também as mais acertadas. A Formatação Social acontece tão cedo…e às vezes, deixamo-nos ir com ela. Tudo tem o seu tempo, “vivermos” é o mais importante, só assim nos sentiremos realizados a nível pessoal, o que certamente se vai reflectir a nível profissional.
Agora, numa visão conspirativa, porque raio, tanta “conice” para ir à Lua novamente? Quem é que no Universo nos vai impedir? Aliens?
Tudo acontece por uma razão, no meu caso, a razão chama-se Marketing.