Caminhando pela rua, contente da vida, dou por mim com o ouvido numa conversa bem peculiar entre uma pequena petiz e a sua mãe, aparentemente poderia ser apenas mais uma birra, mas não, era sim algo de extraordinário que estava a acontecer naquele momento. Na mais pura das inocências, a petiz vira-se para a mãe e diz – “Mãe, aquele menino é preto porque está sujo?”, a mãe muito embaraçada com esta pergunta bem audível, depressa fez uma repreensão e diz – “Filha, isso não se diz! É feio! (pelo meio uma palmada) O menino tem outras raízes, diferentes das nossas.”
Na minha cabeça, a frase dita pela pequena petiz até podia ter sido interpretada num sentido pejorativo, sendo tão forte, contudo, obviamente que não foi dita com essa intenção. Pensei antes, no quanto o ser humano é inocente em tenra idade. Pensei que nessa mesma idade podem haver explicações com base na “sujidade” e que provavelmente o “menino sujo” pensou exactamente o mesmo quando viu uma “menina limpa”, e claro, nas respostas educativas que só uma mãe sabe dar.
Assim, aproveitando este mote, dou início ao meu primeiro post “a sério”, que é sobre uma empresa que traz no seu âmago a filosofia “Todos diferentes, Todos iguais”, e nada melhor que a United Colors of Benetton, com génese de marca de moda, como exemplo deste lema. A United Colors of Benetton elevou este lema a fronteiras onde as diferenças/divergências culturais, religiosas, étnicas ou mesmo políticas não existem e usando essas mesmas diferenças/divergências, conseguiu comunicar eficientemente ao longo dos anos com as massas, alertando a sociedade, despertando as mentes, “educando” o público e posicionando-se assim como uma marca global, com a responsabilidade e consciência social sempre bem presentes, que por sua vez reforçaram essa mesma génese de marca de moda através de uma outra perspectiva.
Por outro lado, transmite também uma imagem de marca multi-cultural, conseguindo “lutar” por causas, atrair e chamar a atenção do cidadão mais desatento, através de campanhas audazes que por vezes chocam, mas no fundo cumprem a missão da United Colors of Benetton no âmbito social. Campanhas essas, que podemos identificar em beijos improváveis,
em amizades que deviam de ser criadas desde infância, onde a ideia de que não existem diferenças (a curiosidade da pequena petiz, por exemplo) e que todos somos iguais esteja presente,
ou ainda em problemas que assolam a humanidade, que fazem com que as dificuldades do dia-a-dia sejam pouco importantes comparadas a estes.
Com efeito, a United Colors of Benetton, como já referido, é um exemplo de como as empresas que têm uma politica de acção global deviam de agir, não estando só focada no seu core business, pensou em como a vertente social poderia trazer benefícios, que veio no fundo, acrescentar essa globalização à marca, dimensionando-a num nível onde é respeitada e “bem posicionada” na mente do público.
Em suma, e trazendo outro conceito à baila, pode-se dizer que “Think Global, Act Global” é a lenga-lenga do comunicar e pensar da mesma forma para todos os públicos independentemente da área de acção ou do nicho em questão, contudo e que tal um “Think Global, Act Global” em todos os campos? Novas perspectivas? A verdade é que hoje em dia exigimos produtos mais completos e serviços cada vez mais adequados às nossas necessidades, mas porque não também exigir empresas mais completas e que apresentem valências em diferentes áreas? Quem diz a nível social, diz a nível cultural, de cidadania, ambiental, etc. Mostrando aos “seus” públicos resultados nessas diversas áreas, de certo que a desconfiança e risco seriam menores, fazendo com que a ideia de fidelização à marca fosse mais apetecível, e claro, esta estratégia alicerçada num correcto planeamento traria frutos na criação de valor na tão desejada relação empresa/público.