“Após a viagem ao habitat natural da música, vulgo, Vodafone Paredes de Coura, pus-me a pensar (…) e cheguei à conclusão de que “O Idiota Marketeiro” podia mostrar uma nova faceta e demonstrar a sua versatilidade no campo do “opinanço social”. Aproveitando o facto de existirem diversos temas “quentes” que pairam na nossa esfera nacional, decidi ir na onda desta semana musical e iniciar uma saga de Social Media Hero que vai começar exactamente por esta temática dos festivais. Para os mais desatentos (e para os mais recentes seguidores), relembro que no ano passado precisamente por esta mesma altura, também tinha “idiotado” um pouco sobre os festivais de verão que ocorrem pelo nosso país fora. Como é óbvio, foi feita uma análise “mais” ao Marketing da temática, abordando um pouco as transversalidades de alguns destes festivais. Para este “novo” caso, vai ser posta de parte a análise ao Marketing, dando lugar a uma opinião mais “social”.

E porquê? Perguntam vocês. Existem certos temas que me vão roendo e aguçando a curiosidade, fazendo com que as teclas do meu teclado “ganhem vontade própria” e queiram estender ainda mais “O Idiota Marketeiro”, levando-o até outras paragens.

Com efeito, festivais. Que mais se pode dizer?

festivais

Muito se pode extrapolar das aventuras e “desandanças” musicais pelo nosso país fora. Os Festivais de Verão são como mecas nas regiões onde são organizados. Os aglomerados de gente são imensos, a oferta musical é para gregos e troianos, as Marcas asseguram sempre a premissa, “este ano é que vai ser”, e apesar de existir tanta oferta festivaleira no mercado, há sempre espaço na lista para mais um novo festival todos os anos.

Ora bem, o que me faz “espécie” neste tema – Festivaisé a rivalidade “entre festivais”.

“Este é que é”, “o outro não presta”, “vai para o Sudoeste”, “janados é no Boom”, “o Super Bock perdeu a mística no MEO Arena”, “O Alive é tipo Urban”, “Coura é só hipsters”, etc e etc. Frases como estas vão alimentando o dia-a-dia das bocas dos festivaleiros quando se deparam com diversas situações intrafestival, levando a minha pessoa a fazer a seguinte pergunta, será que em Portugal existe cultura musical no que toca a festivais?

Um pouco como no futebol, onde as pessoas só vêm clubes, não apreciando o futebol enquanto desporto, neste caso, sucede-se exactamente o mesmo.

Misturamos alhos e bogalhos, e pior, misturamos níveis sociais, gostos e formas de estar diferentes. As pessoas acabam só por “ver” festivais, e nunca a música como um todo.

SW

Vejamos o seguinte, o MEO Sudoeste neste momento é uma tenda electrónica ao ar livre, até aí nada contra, contudo, para quem se lembra, já foi um festival que nas suas primeiras edições teve Muse, Oasis, Korn, entre outras bandas, que levavam multidões até à Zambujeira do Mar. Com o passar dos anos foi-se adaptando às tendências, as Marcas são outras, o Mercado é outro, os budgets e cachets são outros, etc. Qual é então o direito daqueles que nunca lá puseram os pés, e vêm dizer que não presta? Só porque hoje em dia se caracteriza por um estilo mais electrónico e de pop music com um público mais jovem?

Um dia ensinaram-me, “não critiques sem conhecer”, e este chavão aplica-se claramente nesta situação. Só porque não costuma ter um line-up de bandas mainstream de rock ou de indie, é menos que os outros?

Mesmo não tendo artistas que figurem nas grandes áreas musicais dominantes, tem outro tipo de artistas que na área “deles” são grandes nomes. É com este tipo exemplo que se explica a tal falta de cultura musical e a aceitação da diversidade musical.

vodafone

Exemplo seguinte. Vodafone Paredes de Coura… bem, aqui a questão acaba por ser uma faca de 2 gumes, se por um lado, “deixou” de ser o festival que fazia explodir bandas, também é verdade que se tornou num festival que só pela beleza e acústica do recinto atrai inúmeras bandas. Por um lado, e bem, souberam aproveitar as oportunidades que as Marcas promotoras lhes foram oferecendo, organizaram-se e hoje em dia quando falamos na Marca “Paredes de Coura”, só o nome, a história, o legado, todos eles são “contextos” grandiosos. Mas por outro, peca na sua “aficción”, crente na ideia do purismo e do intelecto, de que o resto não conta e nada presta. Simplesmente preferem viver num conto de fadas acreditando que o “estilo indie ainda não é conhecido”.

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Urban Alive. Isto quase que dava para nome de uma discoteca. Pelo menos é assim o pensamento de muita gente quando avalia o NOS Alive. Mesmo tendo “O Melhor Cartaz. Sempre!”, tem o condão de não agradar no que toca ao falar de público que o frequenta, é só betolas, tios, tias, sobrinhas, sobrinhos, pouco espírito de festival, só para os ricos, mas no entanto, se for preciso “vender o c* por 5 tostões” para ir ver Radiohead, engole-se esta atitude de velho d’O Restelo. Há dinheiro, têm capacidade de negociação, conseguem atrair as grandes bandas, e então? Que exista pelo menos uma organização e uma promotora que consiga conciliar grandes nomes da música.  

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Super Bock Super Rock. Resumindo – “E tudo a poeira levou”. O português nunca está satisfeito com nada, no caso do Super Bock Super Rock, passa-se quase a mesma coisa. Anos e anos no Meco, sempre dos festivais mais badalados de Portugal, com cartazes estrondosos, mas também sempre com N críticas associadas às condições oferecidas. Quantos não vinham dizer que andaram a comer empadão de poeira durante os dias de festival e quantos não são os mesmos que agora se queixam que o festival não tem jeito nenhum por ser no MEO Arena? Realmente, esta onda da incoerência é nonsense. A organização pensa nos “consumidores” e mesmo assim, queixam-se. Resumindo “novamente”, o que é que querem então? Tudo bem que devem ter existido outros motivos, mas também facilitou “a vida festivaleira” a muitas pessoas.

Em suma, vivemos num país onde para além de estarmos sempre em festa, vejamos os fins de semana televisivos, onde há sempre uma santa terrinha com alegria e folia, temos ainda uma panóplia de festivais que causam celeuma só por “existirem”. Enfim, até à próxima reflexão, um abraço e um queijo.”

João Paisagem, Crítico musical.

P.SPlot twist – afinal foi outro a fazer “opinanço social”.

Reflexões” – A nova rubrica “d’O Idiota Marketeiro“. Convidados e muita gargalhada.

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