Há uns tempos partilhei com vocês uma idiotice sobre o potencial da Marca “Porto” e de como esta desde a sua criação tem vindo a colocar cada vez mais o Porto nos píncaros dos destinos turísticos europeus. Na verdade tratou-se de um “movimento” pioneiro. O assumir desta postura de vender, comunicar e promover a Cidade como uma Marca, provou que no arriscar é que esteve/está o ganho. Para além de ser a “Cidade Invicta”, de nunca ter sido conquistada, é uma máquina no City Marketing, e diga-se de passagem, um belo exemplo deste tipo de Marketing. Conquista “gentes”, apaixona os mais românticos e atrai os empreendedores.

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Contudo, mais recentemente e apesar de todo este “buzz” em torno das maravilhas da Cidade, “as gentes locais” têm vindo a dividir-se entre a revigorada “Alma Portuense” e o facto da Cidade, em certa parte, estar perante um processo de perda de identidade e de que o Porto histórico está a ficar descaracterizado, impedindo os nativos de desfrutar das suas ruas e da frutaria da esquina. Cada vez mais o centro histórico cresce com empreendimentos turísticos, reabilitações habitacionais, com vista à captação de novos residentes e visitantes turísticos. A verdade é uma, claro que para quem sempre viveu em pleno centro citadino, é claro que sente mais esta descaracterização, contudo, é um sinal de crescimento e da mudança dos tempos, do querer também estender esta “Alma Portuense” a mais pessoas.

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Por outro lado, este “upgrade”, também tem as suas consequências a nível monetário, fazendo com que os custos habitacionais sejam maiores, o que naturalmente cria esse fosso entre a vontade de manter a cidade invicta, “invictus” e de conseguir com que os portuenses consigam “desfrutar” destas novas habitações e empreendimentos, que no fundo, sempre foram suas por direito.

Com efeito, como “ponto-chave” para esta divisão de opiniões, podemos referir que partiu do destino e do rumo que a Cidade do Porto optou por seguir nestes últimos anos através da Marca “Porto”, por outras palavras, a aposta no turismo “foi” a causa deste tumulto citadino. O turismo sempre foi uma das jóias da coroa da Cidade do Porto, conhecido pelas suas ruas escuras acolhedoras, pelas cascatas sanjoaninas cheias de personagens, pelo encanto da pronúncia do norte e por toda uma história mágica que envolve a própria Cidade em si. O Porto é uma Cidade que só é sentida e explicada por quem é de lá e é isso que conquista “os de fora”. Mas voltando à questão da divisão de opiniões, se para muitos a Marca “Porto” tem trazido inúmeras vantagens, para outros, como já dito, não foi bem assim. Ultimamente, em muitas das crónicas que vou lendo ou artigos de opinião e até mesmo opiniões de cidadãos é que um dos focos de desagrado, é o facto de “entrarem em casa à noite e dia já têm um vizinho espanhol”, ou então, de irem a passar na rua e lembrarem-se que o local onde o zé navalhas fazia macete para ganhar um cabrito na sueca, vai-se tornar num hostel. A crítica a esta proliferação turística está na tal perda de identidade, porque o crescimento tem sido tal nestes últimos anos, que até existem “listas de espera” para mais projectos. O que aliado à tal forte forte simbiose com a Marca “Porto”, tudo se tem vindo a conjugar para um Porto moderno, contemporâneo, com rasgos de antigo, mas com uma população “estrangeira”, que acaba por respirar os ares da Cidade. Como é óbvio, também temos o lado positivo desta aposta no turismo, a Cidade encontra-se mais segura a nível estrutural, a paisagem urbana está a reabilitada e ganha uma nova vida a cada evento que nela ocorre. Para rematar e passarmos a uma outra análise, dizer ainda que o Portuense acaba por ser vaidoso (e com motivos para isso), porque com o crescimento da Marca “Porto”,  o Porto tem vindo a ganhar prémios atrás de prémios e tudo graças a este forte City Marketing, o que vai causando pirraça aos capitalistas. Mas deixemos este maravilhoso video da agência Armazém Criativo falar por si.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=46RIpGOjx_Q&w=560&h=315]

(Wow)…Sem dúvida que são 4 minutos de suster a respiração, não são?! É verdade que existirão sempre opiniões menos favoráveis (os tais velhos do Restelo) a este crescimento do Porto enquanto Marca,  mas é mesmo caso para dizer “Carago para o Porto”, magia pura em torno de uma Cidade encantada.

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(Ficam ainda aqui estes dois links, com mais informação relacionado com o Porto enquanto Marca: Link 1 e Link 2)

Passando agora para uma outra análise, vejamos então como é que os “capitalistas”, mais concretamente os da Cidade de Lisboa, reagem a todo este conceito da Marca “Porto”. Claro que quando digo “reagem”, não no sentido literal da palavra, mas sim, como é que Lisboa tem vindo a acompanhar este “crescimento” da Cidade do Porto. Lisboa, capital deste nosso Portugal, é claramente o foco maior do nosso país. Atrai todo tipo de eventos, as grandes empresas estão aqui centradas e muitos dos grandes investimentos têm Lisboa como porta de entrada para os nossos mercados. Ser Capital, ser um “centro financeiro”, o facto de possuir todas as condições para um estilo de vida ao jeito das grandes cidades do Mundo, ajuda e de que maneira Lisboa a diferenciar-se de ano para ano, como uma cidade que só por si, sem comunicação enquanto Marca, se safa lá por fora. Para reforçar esta ideia, mais uma vez vamos entrar no City Marketing como exemplo disso, e para explicar melhor o conceito “Lisboa”, nada melhor que um plano estratégico, que explica ao pormenor toda a mecânica de Lisboa.

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http://www.visitlisboa.com/getdoc/bb2b97d8-1ba8-4596-b21a-383d8ad223e6/TLx14_Marketing-Plan-2011-2014.aspx

É verdade…desta vez não houve vídeos, mas sim algo pensado de forma estruturada, com informação minuciosa que “prova e mostram” os números de Lisboa, claro que em escala nada se compara com o Porto, porque tendo mais habitantes, mais oferta, o impacto é muito maior na atracção de visitantes, mas mesmo assim para chegar a estes números muito bebeu da estratégia e do planeamento da Marca “Porto”. Por sua vez, também tem o tal problema das opiniões divisoras, de que “este” turismo (outra vez o turismo?) tem vindo a “esgotar” Lisboa, sendo que o centro está ofuscado pelas luzes de hotéis e de hostels, cheio de lojas caríssimas, de locais gastronómicos com preços exorbitantes, enfim…sintomas que parecem familiares às duas cidades e que existirão sempre que o turismo queira crescer. É interessante o facto de por vezes existirem rivalidades norte/sul nestas área abordadas, mas no fundo acabam por ser “exactamente” a mesma coisa, os sintomas são os mesmos, o facto de quererem mais é um sentimento partilhado pelas duas cidades, os objectivos estratégicos são muitos semelhantes, simplesmente as abordagens para os atingir é que são diferentes.

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Lisboa tem história, tem glamour, tem também algo mágico que ninguém explica… alto lá, mas no Porto também não é esse o sentimento? É, e é por isso que as duas fazem crescer uma e outra. Acrescentar ainda a Lisboa, este artigo de Pedro Bidarra para o portal dinheirovivo.pt. Um bocado sobranceiro? Talvez, mas explica o que é Lisboa na sua assunção da palavra. Caso para dizer e aludindo ao turismo, “Caraças para Lisboa”.

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Resumindo, às vezes temos de esquecer as rivalidades norte/sul, a verdade é que Portugal tem diversas mais valias em diferentes áreas, e no turismo, estes são os exemplos máximos de como temos matéria prima para trabalhar. O turismo talvez seja mesmo o que mais faz embandeirar cada local, talvez por ser a área que mais explora a vertente comunicacional, o facto de estar relacionado com diversas componentes e de assentar sempre na forma de promover e de dar a conhecer, quer seja na base de um alma mais aguerrida nortenha, seja num registo mais formal de Lisboa, Portugal brilha e os interesses do todo, devem sobrepor-se aos interesses individuais que poderão existir. Afinal não fomos nós donos de metade do mundo?

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ANEXOS: Extras de Informação

  • http://www.jornaldenegocios.pt/economia/autarquias/detalhe/lisboa_e_a_melhor_cidade_do_pais_pelo_terceiro_ano_consecutivo.html
  • file:///C:/Users/lsbgep7313/Downloads/City_Mark_27_03_06.pdf

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